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Vinhos low, light, zero e desalcoolizados: qual a diferença?

Essas novas categorias permeiam debates científicos, mercadológicos, enológicos e até de saúde. Produtos estarão cada vez mais presentes nas escolhas dos consumidores

 


Por Caroline Dani

Presidente e professora ABS-RS



A redução no consumo de álcool ao redor do mundo vem forçando o setor se reinventar, buscando alternativas para atender essa tendência. Tanto que o tema também ganhou a atenção da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV). Em seu último congresso mundial, realizado em outubro de 2024, na cidade francesa de Dijon, a entidade se debruçou sobre o padrão de consumo de álcool ao redor do globo.


Muitas são as diversidades e desafios inerentes ao tema.  ‘Vinhos’ sem álcool, baixo álcool entre outras nominações de produtos similares, foram alvo de discussão nas quatro comissões da OIV. Preocupações na Comissão da Viticultura trataram sobre as mudanças climáticas e o fato de termos uma ascensão nos teores de açúcar das uvas, o que tem levado a vinhos mais alcóolicos e não menos como o mercado está pedindo. Mas o que podemos fazer na viticultura para mitigar isso?


Na comissão da Enologia tratou-se sobre metodologias para "desalcolizar” e estratégias para reduzir a quantidade de álcool no produto final. Na comissão da Economia e Direito, apresentações como a nominada “The Rise of ‘No-Low’ products: new challenges for labelling and regulation” (O aumento dos produtos  ‘não-sem’: novos desafios para rotulagem e regulação) conduzida por um grupo Francês, também configurou entre os temas mais abordados.  


Na Comissão 4, Segurança e Saúde, vários foram os pesquisadores que apresentaram discussões sobre o tema, dentre eles um grupo italiano, com o tema: Low and Zero Alcohol ‘wines’: the impact of different dealcoholization processes on phenol profile and health benefits (‘Vinhos’ com baixo e zero teor alcoólico: impacto de diferentes processos de desalcoolização no perfil fenólico e nos benefícios à saúde) reforçou os efeitos da subtração do álcool na composição desses produtos, bem como seus benefícios à saúde.


Ainda, durante o Congresso, foi realizada uma masterclass da BevZero, empresa com instalações em Santa Rosa (Califórnia-EUA), Villatobas (Espanha) e Wellington (África do Sul) e que oferta experiência, produtos, serviços, processos e equipamentos proprietários de desalcoolização com clientela em todo o mundo. Para vinhos, cervejas e cidras com baixo ou nenhum álcool, a BevZero fornece soluções de desenvolvimento e produção de bebidas, incluindo formulação de produtos, gerenciamento da cadeia de suprimentos, desalcoolização e produtos de marca branca e de marca própria.


Alguns números durante essa masterclass são expressivos. Atualmente esse mercado envolve um valor de US$ 7 bilhões e as expectativas para 2032 serão quase US$ 24 bilhões. Estima-se que o segmento de vinhos sem álcool infle 9% no intervalo entre 2022 e 2026. O percentual ganha uma importância maior considerando que o consumo de vinho diminuiu 7% nos últimos 15 anos.

Foto: Acervo Caroline Dani

Marca de vinhos Nature, da Família Torres, está disponível nas categorias branca, rose, tinta e espumante
Marca de vinhos Nature, da Família Torres, está disponível nas categorias branca, rose, tinta e espumante

Mas há notícias positivas nesse nicho para a indústria vinícola. Dentre esses consumidores de produtos desalcoolizados, 76% deles também consomem álcool. Portanto, é importante ver esse movimento não como uma interrupção, mas sim como uma oportunidade.


Durante essa masterclass foram degustados quatro diferentes estilos de Sauvignon blanc neo-zelandês, ele na condição normal (14% álcool), baixo álcool (8% e 0,5%), e zero álcool (0%). Mas a grande Pois, para repor aromas e sabores que foram perdidos com a desalcoolização, é preciso adicionar esses compostos.  Dessa forma, não se autoriza o uso da palavra vinho e o produto passa a ser nominada como bebidas à base de vinho desalcolizado. Esses produtos estarão cada vez mais no mercado, em diferentes versões e em diversos mercados mundiais.


Foto: Caroline Dani

Sauvignon Blanc neo-zelandês, degustado nas versões normal, baixo álcool (8% e 0,5%) e zero álcool
Sauvignon Blanc neo-zelandês, degustado nas versões normal, baixo álcool (8% e 0,5%) e zero álcool

Mas esse tema é bastante polêmico e discutido de forma distinta mundo afora. As legislações nos países podem variar quanto às quantidades de álcool e as terminologias. Assim, para contextualização, tomemos quatro importantes mercados na importação de vinhos, EUA, Canadá, Reino Unido, Comunidade Europeia e China.

 

Mercado 

Vinho

Álcool Leve

Baixo álcool 

Zero-álcool/ Desalcoolizado/

Álcool-free

EUA

7% – 14% 

7% – 14%

Menor que 8,5% 

Não-alcoólico: 0,5% ou menos

Desalcoolizado: 0,5% ou menos

Álcool-free: álcool não detectável

Reino Unido

8% – 15% abaixo de 8% são referidos como bebida à base de vinho 

30% menos que o produto comparado

1,2% ou menos

Álcool-free: até 0,05%

De-alcoolizado: até 0,5% 

Non-alcóolico: não deve remeter a nome de bebida alcóolica.

Comunidade europeia

8,5% – 15%

30% menos que o produto 

1.2% ou menos

 Álcool-free: 0,5% ou abaixo

Canada 


9% ou menos

Menor que 1,1%

De-alcoolizado: menos do que  1,1%

China (abv

7% e acima 

-

1,0% a 7,0%

0,5% a 1,0% abv

Fonte: Tabela adaptada da publicação da Wine Australia


A pesquisadora e professora na Universidade do Porto e na Universidade Nova Lisboa, ambas em Portugal, Paula Silva, é uma das mais renomadas no tema Vinho e Saúde. Em 2024 ela publicou o artigo Low-Alcohol and Nonalcoholic Wines: From Production to Cardiovascular Health, along with Their Economic Effects (Vinhos com Baixo Teor Alcoólico e Sem Álcool: da Produção à Saúde Cardiovascular, Juntamente com seus Efeitos Econômicos), a autora passa por todos os temas sobre a produção e aplicação desses produtos, tratando sobre o vinhedo, a elaboração, a desalcolização e os efeitos a saúde. Com o auxílio da inteligência artificial, a pesquisadora reúne as principais discussões sobre o tema.

(O artigo pode ser acessado aqui: https://www.mdpi.com/2306-5710/10/3/49)


Abaixo seguem alguns exemplos ilustrados por Paula sobre o tema que, certamente, ainda dará muito o que falar e debater.


Imagem - artigo Paula Silva


Artigo Paula Silva



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