DOC tem tintos encorpados, espumantes e até doces
A região dos Vinhos Verdes, Denominação de Origem (DOC) demarcada em 1908, está passando por uma revolução. Agora, as bebidas conhecidas por seu frescor e leveza estão dando cada vez mais espaço para propostas sofisticadas. Esse foi um dos ensinamentos dados por Gonçalo Rowett Rodrigues, representante no Brasil da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), na masterclass on-line “Vinhos Verdes: muito mais do que vinhos leves dos jardins de Portugal”, promovida pela Associação Brasileira de Sommeliers do Rio Grande do Sul (ABS-RS) no dia 9 de abril. A iniciativa foi dirigida exclusivamente para ex-alunos e associados da entidade.
“Hoje existe uma gama de diferentes categorias de Vinhos Verdes, que vão dos já conhecidíssimos brancos, mas também tintos, rosés e espumantes, além das aguardentes. Alguns rótulos apresentam sabores e aromas mais intensos e complexos, sendo que vários produtos que estão chegando ao mercado terão muito potencial de guarda”, afirmou Rowett diretamente de Portugal. Ele também antecipou que a CVRVV pretende voltar a promover os Festivais de Vinhos Verdes no Rio de Janeiro e em São Paulo, assim como em Porto Alegre, logo que as restrições envolvendo a pandemia cessem.
Além de apresentar as sub-regiões em detalhes, o executivo da CVRVV também demonstrou a variedade dos estilos de Vinhos Verdes através da boa mesa. Os brancos jovens, frescos e aromáticos combinam com salada de verão. O Vinho Verde encorpado pede um peito de frango ou um risoto de frutos do mar, inclusive se tiver maior grau alcoólico. “Discordo que os queijos sejam melhor harmonizados com os tintos”, polemizou, defendendo que um típico queijo de cabra português com bastante sal faça par perfeito com Alvarinho por sua intensidade aromática e frescor. Já um Vinho Verde envelhecido e estruturado se dá melhor com lagosta, enquanto os rosés casam bem com a gastronomia oriental. Diferentemente de um exemplar tinto que pede sardinhas assadas, bacalhau e grelhados. Os espumantes, por sua vez, são a boa companhia de canapés ou mesmo ostras. Por fim, aguardentes pedem café puro ao final da refeição – ou ainda chocolates e um bom charuto.
Os associados também provaram três Vinhos Verdes enviados em tubetes, parte integrante da Sommelier Experience, ação pioneira da ABS-RS que tem permitido que as atividades da entidade possam ser acompanhadas por amantes do vinho em todo o Brasil. A degustação foi conduzida por Andreia Gentilini Milan, diretora da ABS-RS. “A região dos Vinhos Verdes lembra muito a Serra Gaúcha. Quando visitei, me surpreendeu o fato que os turistas em geral não associam a cidade do Porto com a região, pois fica muito próxima”, observou.
Os participantes degustaram o Morgado da Vila, da Quinta da Lixa, um corte de Alvarinho, Loureiro e Trajadura. A amostra número 2 foi o Alvarinho Deu La Deu, produzido pela Adega Cooperativa Regional de Monção. A surpresa, no entanto, ficou para o final. Os associados da ABS-RS puderam comprovar pessoalmente um exemplo de como a região vem se atualizando. O ABC Darium Sweet Azal 2019 chamou a atenção de todos por ser um vinho doce. A bebida apresenta um aroma floral, elegante e complexo revelando na boca excelentes corpo e acidez. “Esta é apenas uma das primeiras iniciativas que faremos com nossos associados e ex-alunos, de modo que sigam mantendo o vínculo com a entidade, pois o sommelier nunca deve abandonar os estudos e, sim, ter formação constante, pois, como sabemos, o setor vitivinícola passa por atualizações constantes ano após ano”, antecipou Juciane Casagrande Doro, diretora institucional da ABS-RS.
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