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Wine Woman Power

As Sommelières que são destaque no mundo vinícola




As mulheres têm conquistado progressivamente mais espaço no mercado de trabalho e, no mundo vinícola, não tem sido diferente. O setor está começando a se render à capacidade feminina. Alguns traços marcantes ajudam a lapidar as profissionais que se rendem ao mundo de Baco. Somos mais intuitivas e mais atentas aos aromas e sabores, por exemplo. De acordo com um estudo liderado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2014, a área do cérebro responsável por processar os aromas é 50% mais desenvolvida nas mulheres.


Madame Clicquot marcou a trajetória do vinho no seu tempo. Ela foi a primeira mulher a trabalhar o marketing nesse segmento. Outro fato importante é que ela percebeu que o produto fazia sucesso no mercado internacional. Assim conseguiu exportar seus produtos para a Rússia, por exemplo. Até hoje a cor laranja do rótulo é marcada por ser um produto da Veuve Clicquot. O champanhe esteve presente em todas as cortes da Europa e vem fazendo sucesso até hoje, tanto é que esgotou no ano passado. Nos tempos atuais, cabe lembrar de duas mulheres. Uma delas é a Baronesa Philippine que se tornou uma das primeiras grandes damas do vinho, assumindo a icônica Philippe de Rothschild, e é conceituada como a maior exportadora de Bordeaux do mundo. A outra é Susana Balbo, primeira mulher a obter o título de enóloga na Argentina e que, enquanto presidente da Wines of Argentina, trabalhou fortemente para o posicionamento da Malbec no mundo.


Quando se trata de uma referência mundial feminina, Jancis Robinson é uma das mulheres mais importantes do mundo da atualidade. Foi a primeira mulher, então fora do negócio do vinho, a obter o título de Master of Wine. Ela é muito humilde e tem essa virtude como uma característica marcante de sua personalidade. A busca contínua pelo conhecimento é algo brilhante. Vocês podem tirar uma prova disso lendo o site onde a Jancis escreve frequentemente.


Inspirações femininas

Os concursos internacionais de Sommeliers são uma ótima referência para buscar profissionais que nos inspiram. A ABS-RS é certificada pela ASI, entidade que organiza os concursos mundiais de Sommeliers. Aliás, o Brasil é um dos poucos países no mundo a ter a profissão de Sommelier regulamentada em lei ainda em agosto de 2011 (leia aqui a íntegra). Porém, ainda não temos nenhuma mulher eleita como melhor Sommelière. No continente é a APA que organiza esses concursos.


A argentina Maria Paz Levinson é uma referência. Ela foi semifinalista no Mundial do Japão, em 2013, e quarta colocada no de 2016, disputado em Mendoza. Em 2010, ela conquistou o título de melhor Argentina na categoria. Com tamanho prestígio, ela foi convidada para ser a principal sommelier do Grupo Pic, empreendimento que possui restaurantes superpremiados na França, na Suíça, na Inglaterra e em Cingapura. Depois de participar do Campeonato Pan-Americano de 2012, Maria resolveu viajar pelo exterior, onde buscou mais conhecimento. Como preparação para o Mundial no Japão, foi trabalhar alguns meses num restaurante em Shangai. Lá fez um estágio com o campeão mundial Gérard Basset (falecido em 2019) em seu hotel e restaurante Terra Vina, ao sul de Londres. Há um ano se tornou mãe.


Veronique Rivest venceu a competição de Melhor Sommelier do Canadá em 2006 e 2012. Ganhou o Wine Woman Award 2017 em Paris e também se tornou a Melhor Sommelier das Américas em 2012. Depois de ficar duas vezes entre as doze melhores em 2001 e 2010, se tornou a primeira mulher a ganhar o pódio ao ficar em segundo lugar na competição de Melhor Sommelier do Mundo, em Tóquio, em março de 2013. Ela é colunista do jornal La Presse, escreve para várias revistas e é convidada de muitos programas de televisão e rádio. Também profere palestras em todo o mundo. Outra Sommelière que está chamando a atenção é a romena Nina Jensen, segunda melhor do mundo hoje, pois conquistou esse posto na 16ª edição do Concurso Mundial de Sommelier, realizado na Antuérpia, na Bélgica. É a segunda vez que uma mulher chega à vice-liderança nesse concurso, que é realizado a cada três anos, sempre em um país diferente. Isso nos diz que podemos estar muito perto de uma mulher conquistar o título mundial.


Além do concurso internacional, existem outras linhas de formação, como o Pin verde-e-amarelo, uma prova liderada pela ABS Brasil. No Rio Grande do Sul a ABS-RS fará essa certificação. Dos 61 profissionais ativos que possuem essa distinção, seis são mulheres: Deise Novakoski (que é a dona do Pin número 2), Carina Cooper, Gabriela Monteleone, Gabriele Frizon, Lerizandra Salvador Dias e Sandra Helena Pereira Cordeiro. Deise apresentou o quadro Líquido Certo, do programa Menu Confiança, do GNT. De 2006 até 2015, foi titular da coluna "Três doses acima", publicadas semanalmente no suplemento Rio Show do jornal O Globo. Ela também e membro da ABS, da ASI, da Academia Brasileira da Cachaça, da Associação Brasileira do Whisky e da Associação Internacional de Bartenders.



A Gabriela Monteleone (foto acima) é outra grande referência brasileira na atualidade. É Head Sommelier e Wine Director do Grupo D.O.M. do Chef Alex Atala; gosta de se envolver com educação e formação do mercado, atuando como professora para os profissionais em formação na ABS-SP; é certificada pelos órgãos franceses Interloire e BIVC como Ambassadrice Officelle dos vinhos do Vale do Loire, da França. Gabi chegou até a divulgar vinhos de uvas americanas e ela vê o vinho brasileiro de outra perspectiva – exemplo disso é a carta de vinhos do restaurante Dom e Dito, organizada por ela.


No Brasil quem tem feito um trabalho muito bom é Cecília Aldaz, eleita por três vezes a melhor Sommelière do Rio de Janeiro por um ranking especializado. Também é responsável pela carta de vinhos do restaurante Oro, no Leblon, onde sugere aos clientes rótulos pouco óbvios, como os vindos do Líbano, Eslovênia e Hungria. Ela se tornou uma embaixadora do vinho brasileiro.


Há boas novidades envolvendo formação de Sommelières no Rio Grande do Sul. Até 2020, a ABS-RS formou 867 pessoas nos seus diferentes cursos. Desse total, foram 453 alunas (52,2%). A entidade também promoveu, através do Prêmio ABS-RS, a escolha do melhor sommelier gaúcho. Deisi da Costa, que atuou na Adega Refinaria em Bento Gonçalves, foi uma das cinco indicadas no voto popular e foi eleita por um grupo de profissionais como a melhor profissional. Ela também é cofundadora da @voudevinhooficial.


Em uma enquete feita nas redes sociais da ABS-RS descobrimos que 87% dos entrevistados afirmaram que testemunham mulheres fazendo sucesso no mundo vinícola. E 75% disseram ainda que as mulheres são mais eficientes na avaliação da bebida. Porém, praticamente todos confirmaram algo que segue acontecendo recorrentemente: nos restaurantes a carta de vinhos ainda é entregue apenas ao homem. Essa conclusão revela a carência de formação que ainda é preciso estabelecer em todo o Brasil, mas também evidencia que, infelizmente, o preconceito ainda impera. Algo que, com muita persistência, mudaremos dentro de algum tempo – e não muito distante. Pois o futuro é daqueles que acreditam na beleza de seus sonhos. Para alcançá-los, contamos com inúmeros exemples inspiradores de mulheres que fazem a cadeia do vinho se orgulhar.



Sobre a autora: Andreia Milan é Sommelier profissional, administradora de empresas com MBA pela Fundação Dom Cabral e Pós-MBA na Kellogg School of Management. Membro do Conselho da ABS-Brasil, ex-presidente e atual tesoureira da ABS-RS. Empreendedora do mundo do vinho, é uma das idealizadoras da marca premium de espumantes Amitié e sócia da Agência de Viagem Bem Vino, com foco em enoturismo.


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