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Foto do escritorMaurício Roloff

Os vinhos para os quais os Sommeliers torcem o nariz

Moscatel, Pinotage e Carménère estão entre eles




Gostar de vinho bom é muito fácil. Os especialistas vão sempre ressaltar qualidade de regiões como Champagne, os grandes tintos e brancos da Borgonha, os grandes Cabernet Sauvignons e Merlots de Bordeaux ou mesmo os icônicos italianos. Mas há os vinhos que sofrem preconceitos, inclusive pelos Sommeliers. Foi esse tema que debati neste episódio do Bella (você pode rever o vídeo ao final deste post).


O primeiro deles é o Moscatel, um produto que todo mundo conhece: espumante, fácil de beber, leve e doce. E justamente por ser popular e acessível, inclusive no preço, que há tamanho preconceito. Não é justo, pois esse produto atrai muitos iniciantes para o mundo do vinho. É um estilo que tem a importante função de formar público. Degustá-lo com sobremesas pode ser um bom começo para começar a quebrar a resistência.


Outro vinho recebido com ressalvas pelos profissionais do ramo é o da uva Pinotage, casta criada na África do Sul a partir da combinação de Pinot Noir e Cinsault (conhecida então como Hermitage). Essa cultivar dá origem a vinhos muito diversos – desde os mais encorpados aos bem leves, de frutados a amadeirados. Com frequência a Pinotage aparece em produtos muito pobres, que não oferecem evolução com o passar do tempo, por isso se tornam menos interessantes. Isso quando não trazem aromas desagradáveis que lembram defeitos, como borracha queimada ou verniz. Os melhores exemplares acabam custando mais caro, porém vale lembrar que há bons Pinotages de valor acessível, trazendo prazer ainda que sem muita complexidade.


Carménère é outro vinho paradoxal, pois tem grande apelo com o consumidor iniciante, mas muitos especialistas acham que não vale a pena. O grande ponto negativo desse vinho é o frequente e característico aroma de pimentão-verde. Essa nota faz com que ele se torne fácil para algumas pessoas, pois é leve e refrescante. No entanto, para muitos bebedores o estilo mostra-se cansativo. Essa uva tem de amadurecer muito bem para não trazer ao nariz essa grande carga de pirazina – o elemento que gera o cheiro de pimentão –, e nem toda região do Chile (país que tornou essa uva famosa no mundo) oferece boas condições para uma maturação completa. Peumo é uma zona de referência para encontrar bons exemplares. Essa casta também se dá bem em cortes com outras uvas.


Um quarto estilo de vinho para o qual os Sommeliers torcem o nariz são os vinhos de mesa, pois são mais simples, não envelhecem bem e trazem basicamente os aromas de uva. Em resumo, não são produtos complexos. Eles também não oferecem grande frescor e quebram o paladar de quem está mais acostumado com vinhos finos. Mas é preciso entender o seu contexto dentro do cenário do vinho brasileiro. São produtos que também agregam mais pessoas para o mundo do vinho e muito importantes para a cadeia vinícola brasileira.



Sobre o autor: Jornalista de formação, Maurício Roloff atua no setor vinícola há cerca de 15 anos, através de reportagens, colunas e sites especializados. Diretor de Ensino da ABS-RS, é sommelier Profissional (ABS-RS/FISAR) com certificação WSET e professor de Harmonização de Vinhos da Graduação Tecnológica em Gastronomia da Unisinos (Universidade do Vale do Rio do Sinos). Seu conhecimento foi complementado em viagens por importantes regiões produtoras de vinho no mundo.

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