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Enoturismo no Vale do São Francisco

Conheça as características da região, seus vinhos e gastronomia




Conhecido pelos vinhos tropicais, o Vale do São Francisco recebeu o registro de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Indicação de Procedência (IP) do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em novembro ano passado. No artigo a seguir detalho as características da região, seus vinhos e gastronomia. Também tratei deste mesmo tema no Bella (veja o vídeo na íntegra ao final deste post).


A região tem clima tropical semiárido, com ótima insolação e nível de chuvas variando de 350 milímetros a 600 milímetros por ano, em média. A temperatura média é de 27 graus. Toda essa conjunção de fatores faz com que essa região tenha calor de janeiro a dezembro. O controle do ciclo da uva é feito através da irrigação, seja por inundação ou gotejamento. O fato mais notável é sua latitude equatorial ficando a apenas nove graus ao Sul deixando o Vale do São Francisco distante apenas 1 mil quilômetros ao sul do Equador. As videiras dependem integralmente da irrigação do rio São Francisco e seus ciclos de produtividade dependem da intervenção humana e não da influência sazonal ou natural, como acontece nas regiões produtoras tradicionais.


A região produz os chamados vinhos tropicais. São produtos carregados de originalidade e identidade próprias dessa localidade tão distinta no mundo vitivinícola. As principais uvas tintas são a Syrah, a Tempranillo, a Cabernet Sauvignon e a Alicante Bouschet. E nas brancas os destaques são a Chenin Blanc, a Chardonnay, a Sauvignon Blanc e a Moscato Canelli, uma variedade da uva Moscato, conhecida também como Moscatel. A região é a maior área de vinhedos tropicais do planeta tendo aproximadamente 500 hectares plantados com vinhedos de uvas finas destinadas à vitivinicultura. A produção de vinhos finos dos estados da Bahia e de Pernambuco está concentrada no eixo Petrolina-Juazeiro


Diversas vinícolas elaboram vinhos no Vale do São Francisco, localizadas em Casa Nova e Curaçá, na Bahia; Petrolina, Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco. A capacidade de vinificação é de aproximadamente 8 milhões de litros de vinhos. Mas as vinícolas escalonam as vinificações ao longo do ano, de acordo com as demandas de mercado, tipicidade dos vinhos, capacidade de estocagem, dentre outros fatores. Com isto fica ampliada a capacidade de vinificação, em volume, das vinícolas da região. Nesses municípios estão localizadas as principais vinícolas, entre elas a Rio Sol, a Bianchetti, a Terranova (que pertence ao Miolo Wine Group), a Vinum Sancti Benedictus, a Botticelli, a Mandacaru, a Terroir do São Francisco e a Quinta São Braz.


A IP VSF concedida pelo INPI abrange vinhos finos, vinhos nobres, espumantes naturais e moscatel espumante. Vale a pena conhecer o enoturismo dessa região. Em um mesmo dia você pode conhecer os vinhedos nas quatro estações do ano em poucos metros ou quilômetros de distância. O terroir, como também a ação do homem, é que vão determinar o ciclo vegetativo da videira formado pelo repouso, pela poda, pela brotação e, finalmente, a tão aguardada colheita. Tudo isso é feito através do controle da água. Na maior parte do mundo o ciclo da videira dura um ano, mas no Vale do São Francisco esse intervalo é reduzido a apenas quatro meses, o que pode resultar em até duas safras e meia por ano. Assim, o resultado é que quase sempre tem colheita em algum lote dos vinhedos.


Para visitar as videiras carregadas de uva, há vindimas de abril a agosto e de outubro a fevereiro, períodos onde há menos incidência de chuva. A IP, além de contar com as águas do São Francisco, e diversos atrativos naturais, forma um ambiente acolhedor capaz de seduzir ainda mais o turista já motivado pelo charme dos vinhedos, suas vinícolas, o processo de produção e pelo prazer de degustar um vinho no próprio local onde é produzido. A riqueza da gastronomia típica do Sertão é outro fator que vai necessariamente agregar valor ao roteiro enoturístico, pois a bebida exigirá harmonização com alimentos carregados de sabor, como as carnes de carneiro e de bode. Elas formarão pares perfeitos com os vinhos da região. Também há ótimos restaurantes e hotéis para usufruir de uma excelente estadia e boa mesa.



Sobre a autora: Andreia Milan é diretora tesoureira da ABS-RS. Atua há 14 anos no setor vitivinícola nas áreas de mercado e marketing do vinho. Esteve à frente do Wines of Brasil durante oito anos na construção do posicionamento do vinho brasileiro no mercado nacional e internacional. É consultora em gestão de categoria de vinhos para o grande varejo e em gestão comercial para vinícolas brasileiras. Sommelier profissional, administradora de empresas com MBA pela Fundação Dom Cabral e Post-MBA na Kellogg School of Management. Membro do conselho da ABS-Brasil, ex-presidente e atual tesoureira da ABS-RS. Empreendedora do mundo do vinho, é uma das idealizadoras da marca premium de espumantes Amitié e sócia da Agencia de Viagem Bem Vino, com foco em enoturismo.

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