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2020, a safra que merece uma coroa!


Uvas tintas da safra 2020 têm excelente potencial de guarda

Todo apreciador de vinhos procura saber quais são as grandes safras de uma nação. Nos principais países produtores, isso é regra. Esta prática começa a acontecer no Brasil. Afinal, são as melhores safras que produzem os melhores vinhos. Entre as safras de excelente qualidade no Rio Grande do Sul (que vale procurar nos rótulos!), destaque para 1999 (raridade), 2001, 2002, 2004, 2006, 2008, 2011, 2012, 2014 e 2015. Ainda entre as safras excepcionais, temos 1991, 2005 e 2018.

Até agora. Pois em 2020, quando a maioria dos produtores rurais lamentou a estiagem severa, os viticultores gaúchos comemoraram “a safra das safras”, para usar a frase do presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), Daniel Salvador. Para nós da ABS-RS (Associação Brasileira de Sommeliers do Rio Grande do Sul), esta safra 2020 merece uma coroa! Mas por quê?

Foi isso que respondi em uma aula gratuita do #MovimentoBellaCiao no dia 17 de abril. Já são quase 2 mil visualizações no canal da ABS-RS no YouTube. Lá tem depoimentos de vários enólogos brasileiros, que agora têm a responsabilidade de transformar uvas de categoria internacional em vinhos de alta gama.

Brasil tem três safras em uma só!

Mas antes de responder por que 2020 é uma safra que merece uma coroa, vale lembrar que o Brasil não é como Champagne, Borgonha, Bordeaux ou mesmo Chile e Argentina, onde é mais fácil avaliar a safra de maneira uniforme. No Brasil, há “três safras”! Isso porque temos três grupos diferentes de uvas (em relação à maturação). As precoces (Chardonnay, Pinot Noir, Gewürztraminer); as intermediárias (Riesling Itálico, Moscatel, Sémillon e Merlot); e as tardias (Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Tannat).

Também é preciso levar em conta as regiões de cultivo. De forma geral, na Serra Gaúcha, na Serra do Sudeste e na Campanha, as castas precoces amadurecem entre 15 de dezembro e 15 de janeiro; as castas intermediárias, de 15 de janeiro a 15 de fevereiro; e castas tardias ficam maduras a partir de 15 de fevereiro até 15 de março. Em outras regiões, como os Campos de Cima da Serra e a Serra Catarinense, o amadurecimento de todas as castas normalmente acontece um mês mais tarde.

Feita esta observação fundamental, o interessante desta safra 2020 – a exemplo do que ocorreu em 2005 e 2018 – foi o clima extremamente favorável para todos os tipos de uvas em todas as regiões do Rio Grande do Sul.


Uvas brancas, precoces, tiveram excelente maturação na safra 2020 Além disso, esta safra merece uma coroa porque, além dos aspectos climáticos benéficos, a tecnologia e o conhecimento de hoje são muito maiores dos que os existentes 15 anos antes, na emblemática safra 2005. As vinícolas avançaram muito no manejo dos vinhedos, adquiriram novas mudas adaptadas a cada terroir, investiram em equipamentos e inovaram nas técnicas de vinificação. Ou seja, as condições técnicas e pessoais/profissionais são muito melhores atualmente.

Uma safra histórica tem uma força incrível para o mercado de vinhos, impulsionando seu crescimento. Ela se torna didática para o consumidor, que a toma como referência de qualidade e começa a comparar com outras, buscando mais conhecimento que eleva o patamar as bebida de Baco. É o que já está acontecendo com a discussão, a expectativa e a divulgação dos vinhos com a etiqueta 2020.

Quando o consumidor provar essa safra, vai se deparar com grandes produtos. Além da satisfação pessoal, vai indicar e buscar outras experiências com os rótulos nacionais. É assim que vamos diminuir o ainda presente preconceito contra o vinho (tinto) brasileiro, que já foi maior, é verdade. Afinal, a maior arma contra o preconceito é a qualidade. E isso a safra 2020 tem de sobra! Autor: Orestes de Andrade Jr.

Presidente da ABS-RS, Jornalista e Sommelier

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