Conheça mais sobre a região, estilos e principais comunas que elaboram uma das mais famosas denominações de origem para vinhos do mundo
Por Marcelo Vargas
Professor da ABS-RS
Barolo, situado na região do Piemonte, no noroeste da Itália, é amplamente reconhecido como uma das principais denominações de vinho do mundo. Famoso por seus tintos robustos e complexos, exclusivamente feitos a partir da uva Nebbiolo. O terroir único desempenha um papel crucial na qualidade e caráter distintivo desses produtos.
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A região
O clima de Barolo é continental, com verões quentes e invernos frios. A região recebe uma quantidade moderada de precipitação anual, distribuída principalmente durante a primavera e o outono. A neblina, característica do outono, conhecida localmente como "Nebbia," é tão significativa que dá nome à uva Nebbiolo. Pelos menos, essa é uma das teorias mais citadas para origem do nome da variedade. A neblina pode ajudar a proteger as uvas das geadas prematuras, além de influenciar em ciclos mais longos de maturação.
Os solos são compostos principalmente por uma combinação de marga calcária, argila, areia e arenito. Existem duas principais variações:
Tortoniano: encontrado nas comunas de La Morra e Barolo, esse solo é mais jovem e contém maior quantidade de marga, resultando em vinhos mais perfumados e elegantes.
Serravalliano (Helvético): presente em áreas como Serralunga d'Alba e Monforte d'Alba, esse solo é mais antigo e possui mais argila e arenito, produzindo vinhos mais estruturados e longevos.
Os estilos de Barolo
Os vinhos são conhecidos por sua cor rubi menos intensa, aromas complexos e estrutura tânica robusta. Geralmente exibem notas de cerejas, rosas, alcatrão, trufas e especiarias, evoluindo para sabores mais complexos de tabaco, couro e chocolate com o envelhecimento.
Estilo de Produção:
Tradicionalista: produtores tradicionais utilizam longos períodos de maceração e maturação em grandes barris de carvalho eslavo (botti), resultando em vinhos que requerem anos de envelhecimento em garrafa para atingir seu auge.
Modernista: preferem maceração mais curta e amadurecimento em barris menores de carvalho francês (barriques), criando bebidas que são mais acessíveis em sua juventude, mas ainda capazes de envelhecer graciosamente.
Denominazione de Origine Controllata e Garantita (DOCG): Barolo foi uma das primeiras regiões a receber a designação DOC (1966) e DOCG (1980), garantindo que os vinhos fossem produzidos de acordo com regras exigentes. Para ser etiquetado como Barolo, o vinho deve ser envelhecido por no mínimo 38 meses, dos quais pelo menos 18 devem ser em madeira. Para o Barolo Riserva, o período de envelhecimento é estendido para 62 meses.
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Vista panorâmica dos vinhedos da região de Barolo, no Piemonte
Comunas e vinhedos notáveis
A denominação é composta por onze comunas, cada uma contribuindo com características únicas aos produtos. Cinco são as mais importantes:
La Morra: conhecida por vinhos elegantes e perfumados.
Barolo: produz vinhos equilibrados com boa estrutura.
Serralunga d'Alba: famosa por vinhos poderosos e longevos.
Monforte d'Alba: vinhos com grande estrutura e potencial de envelhecimento.
Castiglione Falletto: reconhecida pelos vinhos com complexidade e equilíbrio.
Os vinhedos específicos “Cru”, ou "Menzioni Geografiche Aggiuntive" (MGAs), são altamente valorizados, com alguns dos mais renomados sendo Cannubi, Cerequio, Brunate, Ornato, Rocche dell’Annunziata, Vigna Rionda e outros.
Os vinhos de Barolo são uma verdadeira expressão de seu terroir único. O balanço entre tradição e modernidade, aliado ao clima e solo excepcionais, resulta em bebidas de qualidade e perfis únicos. Cada garrafa oferece uma jornada sensorial que reflete a rica herança vitivinícola do Piemonte.
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